Clauzinha - A Bruxinha Loura e Engraçada

Quando penso em amizade, a lembrança mais remota que me ocorre (e uma das mais perfeitas) é Clauzinha.
Primas, fomos criadas juntas pelo simples grau de parentesco, mas estou certa de que quem nos observasse, a qualquer distância, poderia facilmente perceber a afinidade, a complitude existente naquela pequena relação - pequena somente pelo nosso tamanho.
Não conseguíamos definir a afinidade que existia entre nós. Completamente cúmplices, frequentemente acabávamos nos fehcando em nosso mundinho fantástico, e nos isolando do resto da família.
Até hoje acho que somos esquisistas e diferentes. Repetimos aquele comportamento, na vida adulta.
Lourinha, fofinha, macia, cheirosa, Clauzinha estava sempre rindo e fazendo piada de tudo - às vezes chegava a me irritar! Temos praticamente a mesma idade, e ela, uma inteligência singularmente bem humorada. Uma das mulheres que melhor conta piadas que eu conheço.
Normalmente, naquela época - passava-se a década de 70 - as meninas brincavam de "casinha", de "escolinha", de "roda".
Clauzinha e eu, quando nos misturávamos, fazíamos diferente. Nossas fantasias infantis eram de uma riqueza de detalhes que nunca mais observei em minha vida. As pequenas almas fluíam juntas com tal leveza, que sempre perdíamos a noção do tempo e chorávamos ao nos separar.
Gostávamos de ficar lendo por horas, desenhando, pintando e até escrevendo. Colecionávamos livros e tínhamos bonecas que se casaram - meu Tonico casou-se em cerimônia formal com sua Neguinha - ele, um boneco meio depravado para a época, que tinha um pintinho e fazia xixi; ela, Neguinha, uma boneca ainda mais avançada, pois era negra, e em Santa Catarina.
Dormir nunca foi para nós uma escolha. Era uma imposição de nossos pais. Não queríamos perder tempo dormindo, enquanto estávamos na companhia uma da outra. Normalmente nos escondíamos dos "assovios" do meu pai debaixo das cobertas e ficávamos criando quadrinhas, até de manhã, abafando os risos, admirando a inteligência e a criatividade uma da outra. E era tudo tão legítimo!
E os livros...ah, esses eram uma verdadeira paixão. Livros, revistas, quadrinhos, palavras cruzadas, contos de fadas...o que nos transportasse juntas para aquele mundinho que fazia com que nos sentíssemos em uma outra dimensão. Começamos a ler muito cedo, talvez por uma boa influência uma da outra.
Parece que posso ver claramente na minha frente uma coleção de livros que Clauzinha tinha, com hologravura na capa, de contos clássicos. Acho que o que mais líamos e relíamos era "A Galinha Ruiva". Coitadinha da galinha, que não conseguia a cooperação de ninguém, e depois todos queriam comer seu pão...
Inesquecíveis, mesmo porque ainda os tenho, no aparador do meu corredor, foi receber de presente de meu pai, aos cinco anos, a coleção "Os quatro Mundos Encantados de Walt Disney". Os livros que uma ganhava representavam leitura certa para a outra. Apesar do verdadeiro pavor que tinha das páginas do "Mundo da Natureza" que exibiam cobras horríveis ( confesso que ainda pulo esta parte ), devorei todos. Levei alguns anos, pois este tinham muito mais palavras que figuras. Meu pai lia para nós duas, no início, as histórias. Claro, nos sentíamos sempre como as princesas dos contos.
Eu me frustrava às vezes, e sentia uma pontinha de inveja de Clauzinha, confesso - todas as princesas eram louras. Até Alice era Loura. E chapeuzinho vermelho não era uma princesa. Acho que foi quando me dei conta de que jamais seria uma princesa.
"Bagunçávamos" de uma forma inexplicável o espaço de nossas brincadeiras.
Bagunça aos olhos dos pais. Para nós, reconstruíamos o mundo, à nossa maneira, aos nossos olhos, de forma que ficássemos felizes. Acho que ainda hoje isso se aplica à nossa realidade - o que, aos olhos dos outros parece bagunça, aos nossos refletem simplesmente a forma que escolhemos para construir nosso mundo e sermos felizes.
Eu, morena, comprida e magricela. Ela lourinha, baixinha de gordinha. Ela, Peixes, Eu, Câncer.
Brincávamos de "lojinha", "escritorinho", e principalmente, que éramos bruxas. Frequentemente associávamos nossas imagens a Maga e MIn.
Fazíamos coisas que eu ainda não consigo explicar. Tínhamos intuitivamente certa noção do mundo mágico que não sei onde fomos buscar. Mas sei que era uma concepção mais ampla do que aquela descrita nas revistas em quadrinhos. Já percebíamos que a Bruxa estava associada á Natureza, à terra, à vida, à alegria, à possibilidade de fazer o bem. Temos formação católica, e isso assustava um pouco os adultos.
Queríamos ressuscitar um sapo, criamos pequenas cavernas, onde fizemos altar, nos fundos da casa dela. No quintal de minha casa havia uma gata amarela, e eu me convencia de que ela conversvava comigo.
Nós tínhamos certeza de que tínhamos poderes. E hoje esquecemos disso.
Primas, fomos criadas juntas pelo simples grau de parentesco, mas estou certa de que quem nos observasse, a qualquer distância, poderia facilmente perceber a afinidade, a complitude existente naquela pequena relação - pequena somente pelo nosso tamanho.
Não conseguíamos definir a afinidade que existia entre nós. Completamente cúmplices, frequentemente acabávamos nos fehcando em nosso mundinho fantástico, e nos isolando do resto da família.
Até hoje acho que somos esquisistas e diferentes. Repetimos aquele comportamento, na vida adulta.
Lourinha, fofinha, macia, cheirosa, Clauzinha estava sempre rindo e fazendo piada de tudo - às vezes chegava a me irritar! Temos praticamente a mesma idade, e ela, uma inteligência singularmente bem humorada. Uma das mulheres que melhor conta piadas que eu conheço.
Normalmente, naquela época - passava-se a década de 70 - as meninas brincavam de "casinha", de "escolinha", de "roda".
Clauzinha e eu, quando nos misturávamos, fazíamos diferente. Nossas fantasias infantis eram de uma riqueza de detalhes que nunca mais observei em minha vida. As pequenas almas fluíam juntas com tal leveza, que sempre perdíamos a noção do tempo e chorávamos ao nos separar.
Gostávamos de ficar lendo por horas, desenhando, pintando e até escrevendo. Colecionávamos livros e tínhamos bonecas que se casaram - meu Tonico casou-se em cerimônia formal com sua Neguinha - ele, um boneco meio depravado para a época, que tinha um pintinho e fazia xixi; ela, Neguinha, uma boneca ainda mais avançada, pois era negra, e em Santa Catarina.
Dormir nunca foi para nós uma escolha. Era uma imposição de nossos pais. Não queríamos perder tempo dormindo, enquanto estávamos na companhia uma da outra. Normalmente nos escondíamos dos "assovios" do meu pai debaixo das cobertas e ficávamos criando quadrinhas, até de manhã, abafando os risos, admirando a inteligência e a criatividade uma da outra. E era tudo tão legítimo!
E os livros...ah, esses eram uma verdadeira paixão. Livros, revistas, quadrinhos, palavras cruzadas, contos de fadas...o que nos transportasse juntas para aquele mundinho que fazia com que nos sentíssemos em uma outra dimensão. Começamos a ler muito cedo, talvez por uma boa influência uma da outra.
Parece que posso ver claramente na minha frente uma coleção de livros que Clauzinha tinha, com hologravura na capa, de contos clássicos. Acho que o que mais líamos e relíamos era "A Galinha Ruiva". Coitadinha da galinha, que não conseguia a cooperação de ninguém, e depois todos queriam comer seu pão...
Inesquecíveis, mesmo porque ainda os tenho, no aparador do meu corredor, foi receber de presente de meu pai, aos cinco anos, a coleção "Os quatro Mundos Encantados de Walt Disney". Os livros que uma ganhava representavam leitura certa para a outra. Apesar do verdadeiro pavor que tinha das páginas do "Mundo da Natureza" que exibiam cobras horríveis ( confesso que ainda pulo esta parte ), devorei todos. Levei alguns anos, pois este tinham muito mais palavras que figuras. Meu pai lia para nós duas, no início, as histórias. Claro, nos sentíamos sempre como as princesas dos contos.
Eu me frustrava às vezes, e sentia uma pontinha de inveja de Clauzinha, confesso - todas as princesas eram louras. Até Alice era Loura. E chapeuzinho vermelho não era uma princesa. Acho que foi quando me dei conta de que jamais seria uma princesa.
"Bagunçávamos" de uma forma inexplicável o espaço de nossas brincadeiras.
Bagunça aos olhos dos pais. Para nós, reconstruíamos o mundo, à nossa maneira, aos nossos olhos, de forma que ficássemos felizes. Acho que ainda hoje isso se aplica à nossa realidade - o que, aos olhos dos outros parece bagunça, aos nossos refletem simplesmente a forma que escolhemos para construir nosso mundo e sermos felizes.
Eu, morena, comprida e magricela. Ela lourinha, baixinha de gordinha. Ela, Peixes, Eu, Câncer.
Brincávamos de "lojinha", "escritorinho", e principalmente, que éramos bruxas. Frequentemente associávamos nossas imagens a Maga e MIn.
Fazíamos coisas que eu ainda não consigo explicar. Tínhamos intuitivamente certa noção do mundo mágico que não sei onde fomos buscar. Mas sei que era uma concepção mais ampla do que aquela descrita nas revistas em quadrinhos. Já percebíamos que a Bruxa estava associada á Natureza, à terra, à vida, à alegria, à possibilidade de fazer o bem. Temos formação católica, e isso assustava um pouco os adultos.
Queríamos ressuscitar um sapo, criamos pequenas cavernas, onde fizemos altar, nos fundos da casa dela. No quintal de minha casa havia uma gata amarela, e eu me convencia de que ela conversvava comigo.
Nós tínhamos certeza de que tínhamos poderes. E hoje esquecemos disso.
GRANDE-PEQUENA ANJINHA,MAIS UMA VEZ...VOCE FAZ UMA BRUXA CHORAR DE EMOCAO...IMPOSSIVEL DESCREVER O QUE VEM A MENTE E AO CORACAO QUANDO PENSO EM NOSSA AMIZADE...IMPOSSIVEL DESCREVER OS DETALHES DE TUDO QUE VIVEMOS...SO PRECISO CORRIGI-LA QUE PARA MIM AS PRINCESAS SEMPRE FORAM MORENAS...COMO A "ESPOSA" DO TONICO,COMO VOCE, COMO A ULTIMA PRINCESA DA DISNEY,A TIANA (THE PRINCESS AND THE FROG), MORENISSIMA E LINDA...SO QUE " SEU PRINCIPE NAO VIRA SAPO" NO MEIO DO CONTO...EHEHEH!!...SEMPRE ADIMIREI VOCE, PORQUE E CLARO, NAO EXISTE AMOR SEM ADIMIRACAO. IMPOSSIVEL EXPLICAR DUAS ALMAS COM TANTA AFINIDADE, TAO IDENTICAMENTE-DIFERENTES...ENFIM, IMPOSSIVEL AGRADECER O TURBILHAO DE SENTIMENTOS QUE RECEBI AGORA, AINDA FALTA A SEGUNDA PARTE...DOCES LOUCURAS DE ADOLESCENCIA...AINDA FALTA A TERCEIRA PARTE, QUE EXPLICA TUDO: -NOS TINHAMOS PODERES, NAO OS PERDEMOS, APENAS NAO OS PERCEBEMOS...COMO EXPLICAR UMA DISTANTE PRESENCA, QUE ME FAZ AMAR SEUS FILHOTES,TODOS QUE VOCE AMA, ME SENTIR SEMPRE ACOMPANHADA,E QUERIDA?? EXISTEM MISTERIOS QUE SO DEUS EXPLICA...E EU, AGRADECO IMENSAMENTE POR ELE COLOCAR VOCE INTENSAMENTE NA MINHA HISTORIA...ASSIM TAO DOCE, TAO GUERREIRA,TAO FORTE E PODEROSA... MAGA-DE-CHOCOLATE!!
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