Relacionar-se



Talvez o mais difícil em "relacionar-se" seja o fato de que sempre existem mais do que duas pessoas envolvidas. 
Isso entra em conflito com o "tal" do ego que não se cansa de buscar a sua alma gêmea. Alma gêmea costuma ser descrita como aquela pessoa que atenda todos os seus desejos, que inacreditavelmente tem os mesmos gostos, vontades, necessidades. Ah...se a delícia de viver reside justamente nas diferenças que existem entre todos os seres!

Não entendo que existam regras para o amor. 
Cada pessoa, cada casal tem uma energia, uma vibração, e da união dessas duas vontades nasce uma nova forma única e especial de ser.

O tal do verdadeiro amor não se submete a regras. 
Ele nasce da atração física, sexual, e a partir daí se desenvolve, quase sempre. 
Por mais que muita gente tente negar, é assim. 
Você pode idealizar, querer que seja desta ou daquela forma, com uma pessoa com tais características, mas quase nunca é.

O romance do início da relação, a paixão embriagante, aos poucos precisa abrir espaço para a realidade.
No princípio, mostramos apenas o que temos de melhor, mas a partir do momento que a realidade começa a fazer parte da história, inicia-se uma etapa em que, ou você gosta mais à medida em que desvenda sua história ou de decepciona. 

É quando a paixão vai embora que o amor verdadeiro se confirma.
É o momento de aceitação, entrega, de se conectar ao que há de mais profundo no outro.
É o momento em que a verdadeira personalidade vem à tona e também o momento em que não somos mais dois. 
Nem um. 
Somos vários. 
Somos também toda a história que temos antes do relacionamento. 

Pelo que eu conheci do amor (e olha que já amei muito!) é neste momento que nasce o chamado VERDADEIRO amor. 
É neste momento que as influências externas começam a ser mais significativas e com elas nascem as cobranças. 

Onde estão os limites, o ritmo, o tempo do outro? 
É aí que o amor fica "difícil" e precisamos exercitar a complicada arte de "relacionar-se".
Relacionar-se, para mim, só é possível quando duas liberdades andam paralelas. 
Nem se submetem e nem se dominam.

Comentários

  1. Concordo contigo Angelita. Relacionar-se é uma complicada arte de exercitar. Cada relaçao das nossas vidas, seja ela passional, de pais e filhos, irmãos, amigos, colegas de trabalho, é a questão mais dificil de superar da nossa existência. Cada um de nós, como seres únicos que somos, busca sempre algo no outro que nos complemente e que nos complete. Nesse campo, sou uma pessoa que tem muito a aprender. Sou idealista por natureza,e o idealismo dificulta o crescimento que ganhamos com a aceitaçao do outro, tal como ele é, sem expectativas e falsas ilusões. E é disso que o amor genuíno é feito: aceitaçao, respeito, doaçao desinteressada... Já acreditei em almas gémeas... hoje, não acredito mais... o meu idealismo nunca me permite a plenitude de um amor genuino... apenas o amor pelos meus filhos, esse sim, é puro, intenso e incondicional. Ainda assim, tem um tanto de egoismo, pois não me consigo libertar da ideia que eles me pertencem. Ah os apegos... essa é mais uma história que compromete o nosso crescimento...

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    1. O amor entre homem e mulher é mesmo um amor que cobra, que exige. Esse tipo de amor pressupõe troca, diferente do amor aos nossos filhos. Não que planajemos assim. Assim é por instinto, por natureza ou por cultura. É.

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