Volte ao feijão com arroz antes que o consumo te consuma



A vida anda cheia de ângulos pontiagudos e frios.
Vida moderna limpa, linda, sem cor.
A ditadura da moda está nas roupas, na decoração, na moda, nos corpos, nas artes, na gastronomia e no comportamento.
A vida não é mais macia e aconchegante.
É rica em conceitos e pobre em confortos.

Há uma grande perda de referências, valores, sabores, cheiros.
Há vida comprada em catálogos, vendida em "looks" prontos em todos os lugares.
Perde-se a alma, a personalidade.
As pessoas gostam do que "é legal" gostar.
Substituíram até o delicioso feijão e arroz por rações com nomes estrangeiros, pagando mais caro.
E quem não gosta da mesma coisa recebe rótulos, como tudo na sociedade do consumo.
E encalha na prateleira da vida.

Não estou levantando bandeiras nem na contramão da sociedade contemporânea.
É claro que eu gosto do conforto da vida moderna, sou usuária das mais diversas tecnologias e faço com que elas facilitem a minha vida.
Não tenho equipamentos para ostentar e sim para usar.
E se não sei usar, aprendo.

Hoje moro com meus três filhos adultos num pequeno condomínio de partamentos num bairro simpático e arborizado de Curitiba.
O apartamento é pequeno, não tem elevador.
Estou mais perto do chão, mais feliz e a taxa de condomínio é relativamente baixa.

Sou essencialmente urbana.
Cresci numa capital, tenho alergia a elementos naturais como a areia e os insetos, mas amo a natureza.
Aqui estou mais perto dela, um pouquinho.
Acordo com passarinhos, e também estou bem pertinho dos barulhos de uma grande cidade.

A cada dia mais, retorno à simplicidade.
Simples como é a minha essência.
Simples, sem ser simplória, com orgulho das minhas raízes e com planos de ser acima de tudo feliz DE VERDADE, sem me submeter ao mundo de mentira que tentam me vender.
Aproveito os benefícios que a vida moderna tem a me oferecer e tento não me tornar prisioneira deles.

Nunca fui do tipo que vai às compras para desestressar.
Sou da teoria que se eu preciso e tenho dinheiro, eu compro.
Se não, vivo sem.
Não preciso de muito.
Minha felicidade eu não compro no supermercado, muito menos no shopping.

Ser simples é uma questão de postura, que visa o bem estar meu e daqueles que eu amo, e estão ao meu lado

Amo sapatos, mas eles me fazem tão feliz como um livro antigo ou uma caixa de lápis de cor.
Não abro mão da internet, ando de carro, sim, mas a busca pelo "conforto" não me tira o sono.
Buscar o conforto não pode me tirar o conforto.

Acredito muito que a simplicidade é coisa pra gente evoluída e inteligente, que não se deixa manipular pela ditadura do consumo.

Certa vez li num blog ( que pena, não me lembro quem escreveu, agora ) uma frase que achei divertida e marcante, mais ou menos assim:

-- Ser uma alma evoluída no Tibet é fácil, quero ver é ser assim em São Paulo, na Praça da Sé.

(Eu adaptaria a "Curitiba, na Praça Rui Barbosa").
Feliz 2015!

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