"A nossa velha infância"


As amizades, para mim, sempre foram uma questão de sobrevivência e saúde mental.Sou do tipo que se etrega inteiramente às relações, quaisquer que sejam. Gosto de cultivar aquilo que me faz bem; valorizo também aquilo que parece fazer mal. Isso me ajuda a modelar o meu caminho (eterno) em busca do que me faz feliz de verdade. Faz crescer.

Nasci em uma cidade muito pequenininha no interior do interior de Santa catarina.
De nome elegante, e estrutura precária, Monte Carlo é deliciosamente fria e aparentemente esquecida.

Fui filha única até meus oito anos, e me sentia muito carente de companhia. Quando quer que acontecessem, as visitas dos priminhos eram uma festa.
Clauzinha, como já disse, era aquela com a qual eu me sentia mais à vontade - até hoje é uma ligação que desafia a razão. Se ficássemos as duas em silêcio absoluto, ainda assim, ficávamos felizes, pois as nossas almas conversavam.

Assim ainda acontece hoje, mesmo ela morando em outro país, a milhares de km de distância.

Além dela, muitas foram as pequenas amizades que delinearam a minha infância.

ANGELA
Minha prima Ângela tem a mesma idade que eu. Estudamos algumas vezes na mesma classe, e também brincávamos muito. Ângela tinha irmãos, e eu queria muito ser igual a ela.
Ela tinha os cabelos cacheados, era muito levada, e brincávamos pouco, mas guardo boas lembranças das casinhas que construíamos em nossa imaginação, e das brincadeiras de rodas e pega-pega.

ANGELO
Da mesma idade, havia o Ângelo (Sim, é isso mesmo: Angela, Angelo e Angelita). Ele é o irmão mais novo da Clauzinha, e por isso tínhamos uma relação muito próxima, "apesar de ele ser menino" - naquela época não tínhamos muita liberdade de brincar com os meninos.
Angelo é o nosso "Edi". Éramos muito cúmplices na escola, e na adolescência nossa amizade se fortaleceu ainda mais. Ele foi um grande cupido em minha vida. Hoje quase não nos falamos mais, apesar de morarmos no mesmo bairro e da minha loja ficar no caminho para a sua casa. Sinto falta, mas nossas vidas tomaram rumos opostos. O amor é igual. Quando nos encontramos, apesar de raro, é sempre emocionante.

NOELI
Entre aqueles que não eram priminhos, me lembro com imenso carinho da Noeli, filha da Ina.
Sua família era italiana, e até hoje consigo me lembrar dos cheiros e sabores que sentia em sua casa - o vinho, os molhos, a massa feita em casa.
Ao pensar em Noeli me lembro de nós duas fazendo roupinhas de bonecas, e brincando por horas no porão de sua casa.

LUZIA
Uma outra amiga de quem me lembro com muito carinho é Luzia. Linda. Olhos enormes, pele branca e longos cabelos escuros cacheados. Luzia era a mais nova de uma família com muitas irmãs. Eu adorava brincar na casa enorme, com ampla varanda onde nossas mães tomavam chimarrão. A casa de Luzia era cheia de pessoas alegres e cheirava a biscoitos caseiros.

MARISTELA
Maristela era a prima de outra cidade que passava as férias em nossa casa. Sobrinha de meu pai, era a prima daquele lado da família com quem eu melhor me relacionava. Maristela era bonita, tinha uma personalidade marcante, e, apesar de criança, me lembro que tinha uma iteligência singular. Não nos falamos mais desde a adolescência. Gostaria de revê-la.



Gosto muito de cultivar essas lembranças, valorizar o que vivi e senti.

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